.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Deixe-me Viver


Deixe-me viver

Guardo você em meu coração
seu olhar...seu sorriso...suas lembranças,você...
Não tenha medo, jamais o esquecerei!
Mas, deixe-me prosseguir,quero viver...
Não me segure aqui, já tive meu tempo
nosso tempo...
Hoje, sei que existe o Eterno...

Então, viva você
a responsabilidade de sua vida, é sua
não minha, tire este peso de mim,
não se prenda por mim
não me prenda a você!

Deixe-me, deixe-me prosseguir
quero soltar as amarras, preciso
você precisa.
Depois, há tantas vidas!
Tantas já vivi!
Tantas quero viver!

Marta Peres

Noturno


Noturno

O rio soprava como uma orquestra,
seu leito enfeitado de flores
e as flores caíam lentamente e com vontade,
meu coração cheio de saudades
e palavras que não foram ditas,
pensamentos em desordem a procura
dos fantasmas de mim, cruel pesadelo
que acompanha minha vida...
Quando é noite não durmo, sinto medo
Dos pesadelos que tenho, voam soltos
E não os consigo controlar...
Abro a janela e os mando embora, não entendem
Minha língua ou não querem obedecer...
Me finjo de morta tento desesperadamente a fuga,
Não morri e não consigo fugir...
Tudo retorna ao início, começa novamente
Meu martírio...

Marta Peres

Elegia


Elegia

Uso da palavra para exprimir minha dor
e minha alegria, vida que vivo na poesia
chorando minhas amarguras ou rindo dentro
da mais pura e perfeita harmonia.

Será destino real dos poetas
tecer amor que arde em fogo ou abre em flor?
Eu canto em poesia, apenas canto!
Canto dentro da minha lucidez
Como a forma da flor,
Como a forma da dor!

Sinto arder como fogo dentro do meu coração,
sinto lágrimas rolando pela face num choro mudo,
sufocante, que dilacera pouco a pouco deixando
sangrar pela dor do amor que partiu!

A flor tornou-se dor!
A dor destruiu o amor!

Marta Peres

Canção do Amor


Canção do Amor

Ouço suave canção em meus ouvidos,
mais parece queda d’água na sua dança
calma, tranqüila, suave, forte na cadência,
silenciosa sem contudo constranger...
Desce rápido rompendo fronteiras perdida
em sonhos, no desejo de alcançar seu
equilíbrio segue cantarolando, levando
consigo folhas caídas e as pétalas de
flores desfolhadas.
Minha alma canta o que meus ouvidos
ouvem, tenho pressa, peço perdão
aconchegada a você, és rocha, fortaleza
onde posso me apoiar.
Caminho na sua direção, olho dentro dos
seus olhos e digo: Amo você!

Marta Peres

Comunicado


Comunicado

Estou chorando, lágrimas sangram
dentro do meu coração ferido,
angustia em meu viver...
Já não consigo sorrir, minha vida
é triste e sem graça.

Vou arrancar você de mim.
Vou atirar fora tudo o que me lembra você,
Vou lavar minha alma deixar de sofrer
por alguém que não me merece.

Meus olhos dantes risonho vive aos prantos,
Não brilham mais, perderam o viço
Pela dor do desengano e decepção.

Quero a minha liberdade!
Já não mais serei submissa, tormentos
chegam ao fim, minha vida vazia,
eu sem vontade, basta, acabou...

Marta Peres

Amor Maduro


Amor Maduro

O meu amor não tem fim
E eu vivo este amor intensamente,
Quando você não está as saudades aumentam
E nem posso avaliar o quanto...
Você está em meu pensamento o dia todo
E o tempo todo, faz-me bem...
Nada mudou, tudo é como foi antigamente
E nosso amor amadureceu... acalmou...
Continua forte...intenso...porém a cumplicidade
Fortificou...
Emudeço quando meus olhos encontram os seus
E uma felicidade cresce dentro de mim...
Nosso pacto de amor eterno e as juras de amor
Trocadas na mocidade são cada vez mais fortes,
Me emociono pela certeza do nosso amor
Se estender até a morte...

Marta Peres

Inspiração


Inspiração

Uso letras que se transformam em palavras,
meu caderno rabiscado vai se enchendo aos
poucos... a poeta deixa fluir lentamente
coisas que meu amor desconhece...
Queria qualquer solução, vivo drama que
não se explica, não consigo entender
e na busca incessante, desenfreada, quero
um poema perfeito, que encontre seu coração
e sua sensibilidade.
Aos poucos vê-se a forma, toma-se de cores
vivas, a poeta em sua dor vai se aliviando...
Balsamo bendito das dores do amor não
correspondido!
As forças vão sendo adquiridas
e a poeta embriaga-se do prazer quando escreve,
misto de loucura servida pela própria razão...
Solidão onde encontra a convivência...
Raiva onde vem a compreensão valorosa da paz...
Tédio que leva entender o abandonono...
Doença que valorizar a saúde...
Morte em que descreve a vida...

Marta Peres

Aspiração


Aspiração

Meus dias correm vagarosos, tão lentos
que as vezes penso, não querem passar.
Mas não existem dores e já não padeço,
chego ao ponto de vacilar, duvidar...

E a vida é bela assim!
Vivo dias formosos, os pinto cor de rosa
pois o amor exala por todos os poros
em beleza angelical, sinto alegria à flor
da pele, desfaleço de prazer...

Minha alma entra em gozos, coisa que todo
mortal aspira, poucos conseguem...
Pressinto a certeza da serenidade bendita,
duradoura, que embriaga, dá prazer...

Bendigo as graças de Deus!
Bendigo o momento em que a tristeza partiu
deixando a vaga para a mais completa
alegria, ternura, satisfação, amor...

Marta Peres

Certas Canções


Certas Canções

Ouço no rádio suave canção.
Viajo quando ouço música
E mais parece que estou nas nuvens.

A música inebria meu coração
E mexe lá dentro do baú
Onde tenho guardado lembranças
Doces recordações,
choro onde deixei a vida naufragar...

Algumas guardam a magia do amor,
Da alegria e contentamento, estas
Ouço sonhando e meus olhos vibram
E danço, danço ao ouvir tocar...

Meu coração encantado roda a roda
Da magia dos velhos tempos, roda ao
Contrário e quero recordar e viver
Encantada pela emoção do bem-querer!
Certas canções!

Marta Peres

Leitura


Leitura

Ando com os olhos cansados
Das leituras dos jornais,
Infectam mentes esclarecidas
Ou não, deixam olhos sem esperança!

Vejo as águas do rio correndo para o mar,
Flores que crescem no jardim, matas
campinas e nas pedras das montanhas,
O céu azul e o verde das árvores e relvas
E samambaias da varanda, a renovação
Das montanhas.

De nada vale leituras sarcásticas!
Perco tempo deixando de ouvir o cantar dos
Pássaros, notícias que os pombos nos trazem,
O vôo das andorinhas, anúncio em folhas verdes
Das minhas mangueiras.

Não quero informações perniciosas,
Pervertidas e mentirosas,
Cansei-me de notícias enganosas!

Marta Peres

Saudades


Saudades

O que sinto eu sei, não é cansaço,
Sim desilusão que entranha na alma,
No meu pensar...
Minha vida anda às avessas,
Não tenho como resolver este sentimento
Que maltrata e corrói a alma...
Meu alvorecer está cheio de lágrimas
E no crepúsculo sinto tristeza
E dói, dói,dói...
Já nem sei como existo,
As forças faltam
Falta a voz, nem um grito,
Nem palavra consigo balbuciar
Apenas gemidos, sofridos, calados...
Há em mim uma angústia
Uma sede infinita e constante
De ser entendida, há momentos
Que nem eu me compreendo
E minha alma sofre atormentada
E não se sente bem, sente saudades...
Sei lá de quê!

Marta Peres

Palavras Que Matam


Palavras Que Matam

Há palavras que nos maltratam
ferem como se fossem punhal,
palavras gritadas e impensadas
num desamor e desespernaça,
de imenso rancor, de desespero
louco.

Palavras cruas que machucam,
de um negror tal qual a noite,
palavras com sabor de fel
que erguem muro de desgosto.

Palavras sem o tom colorido
do bem querer, inesperadas
e sem a poesia das flores,
do canto de amor,
do riacho de águas claras
correndo em solo fértil.

Quero esquecer a quem amo,
seu nome o jogarei ao vento
e distraidamente não mais pensarei,
não mais chamarei por ele.

Palavras que são rudes não quero mais
não quero palavras vexatórias nem insultos,
não quero palavras com o negror da noite,
prefiro o silêncio dos mortos!

Marta Peres

Esperança


Esperança

Dia cinzento, chuvoso e triste,
Minha dor é maior do que o céu...
O caule de minha roseira está amarelado
pelo botão que dele nasceu e não quis ficar, partiu.
Minha rosa murchou, já não tem o viço nem
Alegria floral, meu quintal está triste e sem vida.
Tudo nele chora solidão que sangra...
Não me é permitido receber das nuvens do céu
Gotículas do orvalho no seio da minha flor,
Nem seguir os caminhos da água no canteiro
Que me leva ao caule a fim de entranhar-me na terra,
Buscar a raiz... padeço, ando debilitada, meus olhos
Morrem aos poucos...
Quero renascer!
Meu pensamento é forte, mais fundo que o mar,
O azul das águas irá se misturar ao cinza do dia
E sorverá a névoa triste, minhas pétalas se abrirão
E minha roseira irá respirar cheia de esperança,
Que a tristeza se transforme em alegria...

Marta Peres

Liberdade


Liberdade

Serenamente foi amolecendo os músculos
do corpo, todo organismo foi parando calmo
e lento, nenhum suspiro se ouviu, apenas
seu organismo obedecia às ordens de comando...
Já não havia o peso do passado, tudo havia
se cumprido conforme o determinado, escolhido
antes da última vinda naquele corpo cuja doença
ceifra aos poucos...
Foram tantos anos de vida!
Vida dedicada ao amor, compreensão, carinho,
jamais vida parada...
Finalmente aquela alma sentiria a liberdade,
iria voar livre pelos ares, pelos céus, pela imensidão
encontraria velha habitação, cheia de paz e saúde.
Decidida retira-se daquela carne sofrida, machucada
pela dor que o corpo mitigara anos a fio, e o semblante
torna-se leve, puro, de uma calma inexplicável à
inteligência humana, e ela dorme, plácida dentro
do caixão!

Marta Peres

Ruas


Ruas

As ruas de minha cidade estão molhadas,
Águas caem desde a noite de sexta-feira,
Lavam as ruas, lavam a alma.

As águas saem das minhas entranhas,
Percorrem meus olhos se instalando nas
Nuvens, molham as ruas que participam
Dos meus sentimentos.

Não me importa lá fora a turba de agitação
Que passa por elas, sei que há e são invisíveis
Aos meus olhos e ouvidos.

Só ouço o barulho dos pingos grossos caindo,
Existe penumbra em meus olhos pelo pensamento
Longínquo, penso naquela árvore florida onde
Deixei quem amo, numa rua estreita e sem beleza.

O céu está branco sobre a rua solitária por onde ando,
Sei que há promessas feitas pelos humildes corações
Que povoam casas, há sonhos, ilusões, amor...

Marta Peres

Não Foi Adeus


Não Foi Adeus

Disse adeus ao mundo em momento certo...
Queria ouvir “até breve”, ouvi adeus
E ela se afastou sem que fosse feito algo...
Foi levando consigo minha esperança,
Deixou em mim fadiga cruenta, que fazia
Doer os músculos do corpo inteiro.

Grande despedida, dolorida e inconsolável...
Nada houve para iluminar o momento preciso
Quando foi a hora do triste adeus...
No final, respiração difícil, não houve vacilo.

Choro de desespero pela dor sentida,
Disse adeus com os olhos esbugalhados,
Adeus verdadeiro, derradeiro e sem voz
Que me ajudasse convencer, confortar...

Apenas partiu primeiro levando consigo
O sorriso meigo, a douçura do olhar,
Das palavras, o carinho sincero, a
Sinceridade e calma, seu amor...

Não foi adeus que ouvi quando fecharam
As paredes separando-a do mundo,
Foi apenas uma despedida, um até breve!

Marta Peres

Amigo


Amigo

Não deixa dormir sua esperança
É hora de acordar, despertar, levantar
De onde está e caminhar firme, passos fortes
E decididos, confiantes no amanhã...
Sinta o sol em seu rosto e emocione-se com
Os primeiros fios de luz que chegam...
Eles vieram lhe procurar!
Vem e apareça para a luz do novo dia,
Esteja bem, fica bem para continuar sua história,
Só você a pode fazer...
Mostra ao sol seu brilho pessoal fazendo
Com ele um contraponto,
Mostra sua simpatia neste sorriso que encanta
E deixa você feliz, mostra a beleza do seu coração...
Libere no ar o seu carisma, talento, inteligência,
Simplicidade, a sua generosidade...
Não se esconda amigo, vem, saia desta apatia
E indolência, dê a resposta mostrando suas habilidades
E mostre-se sempre, em tudo o que tem de melhor...
Pessoas lhe assistem e elas merecem este espetáculo,
Só você pode mostrar, só você pode doar...

Marta Peres

Palavras


Palavras

Move o vento!
O pensamento move-se como move o vento
E palavras são ditas e caladas,
Palavras e palavras...impensadas, pensadas...
Inconseqüentes ou conseqüentes, está ai o velho
Pensamento humano pensando em sua fúria
E ávido de pronunciar palavras...palavras
Machucam...destroem...matam...dignificam...
Existem palavras que não se pronunciam
O silêncio fala mais que palavras desnecessárias...
Palavras maldosas, mentirosas, chegam feito
Larvas de vulcão...mas sempre palavras...
Dizer o que não se deveria, o irracional
A voz do silêncio fala mais alto...

Marta Peres

Cruz dos Meus Pesares


Cruz dos Meus Pesares

Naquela rua estreita por onde entrei
Carreguei comigo a minha dor,
Entrou calada, sentida, emocionada
Com o rosto banhado de suor.

Vi na ponta da rua negro bloco de mármore,
Ali, novamente as portas da residência se abriram
Para que a nova moradora pudesse entrar.
Dos meus olhos lágrimas amarguradas...

Sobre o bloco, uma cruz solitária,
Parecia querer falar com meu coração dorido
Amenizar a angústia alevantada.

Chorei dentro de mim, gritei em meu
Pensamento olhando a cruz dos meus pesares
Que com braços abertos recebia nova moradora.

Marta Peres

Amizade


Amizade

Senti vontade de dizer que você é especial,
Que Deus colocou você em minha vida
Como presente, pessoa ideal.

Quando Deus criou o mundo
Ele já antevia nossos perigos
E na Sua infinita bondade
Deus criou o amigo, criou você
para fazer parte do meu caminho.

Ele sabia das minhas fraquezas
da possibilidade de eu errar,
Então me vendo perdida, sem ação
Fez sua voz soar como cantar dos anjos,
Estava sem rumo você veio ao meu encalço,
Mesmo do jeito torto no agir, você veio,
me salvou...

Falta em mim palavras para agradecer,
Sei, pode entender, sou frágil, humana,
Se lhe ofendi, ofendi min’alma, arrependi.

Hoje sei que posso confiar em você
E que é fiel,
Você não disse palavra a mim, mas sei,
Soam como mel, doces, você é doce.

A hipocrisia não encontrei em você
nem a falsidade,
Quero você ao meu lado,
Na abundância ou necessidade.
Sinto-me pequena, nada lhe fiz
Mas peço ao Pai que lhe conserve feliz
Sei, nossa amizade criou raiz...será eterna...
Marta Peres

Devaneando


Devaneando

Dentro da ilusão
Minha poeta vai penetrando,
Sonha sonhos coloridos
Indo buscar a inspiração
E compõe versos.
A natureza entende
Os devaneios e aplaude,
Inspira quando no alto da serra,
Aos pés do Cristo toda imensidão
Se abre, a poesia surge do coração
Quando os olhos pousam na árvore,
Triste e solitária do alto do monte.
Sentir a poeta e sua poesia,
vem da alma que fala, explode em versos
Rabiscados em papel de pão
Fielmente,
Lealmente sentidos no coração...

Marta Peres

Poesia


Poesia

Na beleza de um sorriso,
A força de uma paixão
O beijo
Adocicado feito favo de mel
Uma cor,
Um feixe de luz,
Visão maravilhosa,
O soprar do vento,
Um sabor,
Uma fragrância,
Uma onda que embala
Energia que Rege o Universo,
Matéria de Forma Indefinida
Essência Única,
Deus embalando a poeta
Entregando a sabedoria das palavras
Em uma concha
Que derrama estrelas
E orvalhos ao sol amanhecidos.
Meu poeta transforma em poesia
E agradece.

Marta Peres

A Vida


A Vida

Todos os dias a vida nos proporciona maravilhas
Verdadeiros encantos para nos deixar felizes.
Quando não entendemos a vida é que não vemos
As verdadeiras belezas, presente de cada dia.

O saber aceitar as diferenças de cada um...
O compartilhar...o amar e ser amado...perdoar
E ser perdoado...o amigo especial...

Deixa o encantamento entrar na sua vida, abra
A porta para ele e sorria para suas vitórias...
Assim conseguirá superar e suportar as perdas
E derrotas que sempre vêm, escola necessária
Na vida de cada um...

Marta Peres

Bate a Chuva


Bate a Chuva

A chuva mansa bateu
cedo na minha janela,
Ela veio me encantar
Trazendo pingos para meu olhar...

Sua cantiga nem sempre é igual,
canta a chuva lá no meu quintal
e com música peculiar
mais parece cantiga de ninar...

Da vidraça vejo lágrimas escorrer
São gotas que brilham
No verde do teu olhar...

E a chuva lava os telheiros
E lava as ruas e avenidas,
A chuva lava a alma
Limpando sua ferida...

Bate chuva, bate no meu quintal
Limpa tudo direitinho
Molha flores, árvores e jardins
Molha minha tristeza
Levando embora de mim...

Marta Peres

Luto



Luto

Olhar triste, apagado, não tem sonhos,
no pensamento, no olhar, a alma anda
vazia e negra do luto imposto pela vida.
Em noites estreladas não vê carruagens
de estrelas nos céus, o coração guarda
os segredos daquela alma sofrida.

Destino cruel daquela mulher, se veste
de preto até a alma sendo jovem, esconde-se
tendo a vida e a alegria a serem vividas, lábios
sem cor, cabelos apenas puxados para trás
levemente caminha pelas ruas.

Caminha pelas ruas sem o sorriso nos lábios,
já não tem esperança que alimente a alma,
vive dentro do seu casulo de lágrimas e tristezas,
perdeu a vontade de viver depois que se foi
o ente amado.

Coração petrificou assim como a língua,
não sente vontade de falar, cantar, apenas
chora deixando que o olhar se perca nas
lembranças, esperando condução que a leve
para junto do seu bem-querer.

Marta Peres

Crepúsculo

Rente à noite desce a escuridão
e eu continuo parada frente grande vidraça,
já nem sei quanto tempo estou na mesma posição,
braços cruzados ao peito fitando o nada!

Sonho ainda contigo, vem esperança de vê-lo entrar
pela mesma porta donde saiu, cerro os olhos,
sua imagem oscila ante meus olhos úmidos.
Que fiz meu Deus para merecer cruel castigo?

Imagem vem, vacila e logo vai em ritmo
espaçado, repetitivo, cruel amargura vivo,
ouço voz, penso ser a sua, mas no silêncio se esvai,
lágrimas derramam pela face indo molhar o ladrilho.

Só, em meu desespero vagueio perdida nas luzes
que já estão iluminar a rua, meu céu sem estrelas
ronda minha casa, minha vida, meu coração.
Tudo é negro ante meus olhos, procuro, não lhe vejo!

Entrego-me à exaustão, vencida pelo sono
Sonho com a esperança do amanhã e espero,
sei que voltará para mim e eu o perdoarei!
Lhe Amo!E não o quero perder!

Marta Peres