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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

CATIVO E GERUNDIADO




CATIVO E GERUNDIADO


Me gerundia formosa
Que estou ficando só
Nesta agonia da prosa

Proseando falta de dó...

Que não te condói me perder
Se me vendo a tal te obrigas,
Sendo jóia de bem-querer
Entre as demais raparigas.

Me gerundia aind'assim
Gingando no calçadão,
Que o amando não tem fim
Se nascendo por tua mão!

J Maria Castanho
 
 
 
 
 SONETO DA GRATIDÃO

Com cinco dedos que o Noddy ergue ao céu e saúda
No celeste azul da pasta que ontem gentil me deste
Onde guardo as mais queridas canetas de escriba
A quem a escrita superiormente arrebata que ajuda
Neste presente em que o futuro é só mistério agreste
Estremeções do mole coração que assim vai arriba,
Eu te saúdo também, néctar de ambrosia silvestre
Alimento dos deuses que de tanto quererem bem
Imaginam, até que em imaginados seu ser se ateste;
Muito inspiram este mestre, que não ensina ninguém...

Exceto aquilo que ele próprio por si e de si aprende
Deambulando de flor em flor, cujo pólen aspira
Que à dor e morte apenas o amor vence ou defende
Do veneno e preconceito e medo em que ela o atira!

J Maria Castanho
 
 
 
 
 
 
 BRECHA D’ALMA

Escuta esta ausência que fere
Meu grito escrito no cuneiforme desolado
Magoado lamento de quem te prefere
Mais que ao ter, ser que quer
Ser se este for estar – do teu lado.

Esta febre que rasga e inquieta
Subtrai, aprisiona, pisa, dói, manieta
Incendeia e crepita noutra pepita da Lua-Meia,
Que muito além do que é comum e vulgar
Anda hoje a crescer de nuvem em nuvem
Assim, como quem no luar toda se enleia
Na teia solta e rebelde do teu cabelo cor de aveia
Madura, espiga na brisa de margem a margem
Ondulante até na areia dos dias apenas restar
Essa espuma de estrelas a sorrir e a brilhar
Ante o suspiro esvaído da fria aragem
Da distância, abismo brunido da minha ânsia...

Porque a dor polida pela saudade sentida
Tanto pode no doer como qualquer adaga afiada,
Que a vida no gume de uma corda estendida
Esticada, sobre o abismo do ser é a única medida
De aferir a brecha na alma partida – ao ser quebrada!

J Maria Castanho
 
 
 
 
 
 PROMESSA


É quando o sulfuroso da alma
Se entrega ao desmaiado azul,

E as lacrimais águas se fundem
Num só rio em busca da voz

Que tu e eu, meu amor
Ganhamos sentido nesse futuro que caminha
E baloiça sob a pendular força da incerteza,
Mãos nos bolsos,
Cordel do pião a arrastar na areia...

Nunca o esqueças
Sobretudo se os nossos netos o desconhecerem
Quem são – quem foram.

J Maria Castanho
 
 
 
 
 
 

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