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sábado, 8 de fevereiro de 2014

A Poesia de Eloah Borda



A Poesia de  Eloah Borda










Dor de Amor

Quando um grande amor se vai,
magoando, profundamente,
nossa alma e coração,
pior do que a dor recente,
por mais que seja pungente,
é quando, ela já cansada,
de doer dentro da gente,
se torna resignada,
num doer indiferente,
difuso, vago, constante,
sem ferir nem ir embora,
e apenas se faz presente,
não sendo mais contundente,
mas também sem nos deixar
- como a espessa neblina
que nem se transforma em chuva
e nem deixa o sol brilhar...

(Eloah Borda









INTRO-VERSOS

Meu mundo interior exponho nos meus versos
- minha alma decomposta em letras... meu avesso –
mágoas de um coração romântico (e travesso),
momentos, bons ou maus, que em poemas são conversos.

E se há contradições, às vezes, nos meus versos,
é que contraditória eu mesma sou, é o preço
de ter alma de poeta, é o mal de que padeço
- poetas são assim, instáveis, controversos...

E de poema em poema, eu vou me desnudando,
abrindo o coração, em versos transformando
sonhos, desilusões, amores, dores, medos,

saudades, solidão, desesperanças minhas
- e às vezes revelando ainda em entrelinhas,
a alguém em especial, alguns dos meus segredos...

(Eloah Borda










INFÂNCIA

Infância livre
Casa na árvore
Pés no riacho
Correr na grama.
Rodar o arco
Jogar pedrinhas
Gado de osso
Na mangueirinha.

Leite fresquinho
Água de poço
Ouvir o canto
Da passarada
Galo cantando
Na madrugada.

Empoleirar-se
Em pés de lata
Ir catar ovos
Dentro da mata
Oh, não de pássaros,
Mas de galinhas
- Frangas fujonas
Fazendo ninhos
No matagal.

Frutas fresquinhas
- Peras, laranjas,
Uvas e limas
Lá no quintal...

Noite estrelada
Num céu inteiro
Até o horizonte
Para se olhar.

Dormir ouvindo
O cri-cri dos grilos
E o arvoredo
A farfalhar.

Sonhar com duendes
Bruxas malvadas
Varinha mágica,
Bichos falantes,
ogros e fadas
- Mundo encantado
Em que as crianças,
Naquele tempo,
Acreditavam.

Quanta saudade
Mágica infância
Bela e distante
Quase esquecida
Lá no passado!

Que diferente
Da infância de hoje
Numa cidade!...

(Eloah Borda – D.A.Reservados)







Eu ando em um tempo...

Eu ando em um tempo
de recolhimento,
de introspecção;
de mundo cinzento
de tudo sem graça,
(vontade de nada)
de falta de chão...
De olhos molhados,
de saudade (tanta!),
de dor que não passa,
de aperto no peito,
de nó na garganta.

Eu ando em um tempo
de querer partir
pra nenhum lugar
- apenas sumir
de dentro de mim
e talvez assim
me reencontrar
(num tempo de paz
e de esquecimento),
nas asas do vento,
nas ondas do mar,
nos campos floridos.
na chuva que cai,
na nuvem que passa,
na luz do luar
- e crer que ainda valha
a pena sonhar...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)







 Monotonia

Os dias passam... lentos... sempre iguais...
nem bons, nem maus. – iguais - monotonia...
a mesma espera, inútil e vazia
- e por que ainda espero, nem sei mais...

Talvez, o rebrotar da poesia,
em meu gretado chão de desencantos,
pra que eu transforme, em versos, meus quebrantos,
podendo, assim, sair desta apatia...

E que, outra vez, a vida me sorria,
me encante a chuva e o sol de cada dia,
e voltem pássaros aos meus beirais;

e que este nada que me dói no peito,
ceda lugar a um coração refeito,
e que a tristeza não me encontre mais...

(Eloah Borda – D.A.Reservados)













BEM VINDO 2014

Bem vindo sejas tu, recém chegado,
que faças jus ao bom acolhimento
que seja a paz, e o bom entendimento,
entre as pessoas, teu maior legado.

Que embora breve, esse teu reinado,
seja o início de um novo momento
- o marco histórico de um movimento
de respeito aos valores do passado

- à vida, à família, à decência,
à boa educação, à não violência,
à justiça, à moral, à probidade -

que o silêncio dos bons seja quebrado,
e, enfim, dos maus, o grito suplantado,
em prol da honradez, da dignidade.

(Eloah Borda)







Historinha de Réveillon

O sol se pôs, levando a luz do dia,
e em fase nova a lua se escondeu
chegou a noite, escura como breu,
e lá no céu, nenhuma luz se via...

E começou, no Olimpo, a correria...
todos gritando: - O que aconteceu?!
Por que as estrelas ninguém acendeu?
Um blecaute no céu? Ah, quem diria!

Os anjinhos da luz onde estarão?
Terão sido por Hécate raptados
para deixar o céu na escuridão?!...

Nisso, na terra, esquecidos do ofício,
anjinhos luminosos (encantados!)
brincavam entre fogos de artifício!...

(Eloah Borda-D.A.Reservados)






CAMINHO

De pedras é o meu chão, meu céu, de tempestade
meu tempo é de saudade e triste é o meu andar
nas sendas de um sonhar - que foi pura ilusão –
no qual meu coração, jogou-se sem pensar;

e a luz desse sonhar, que um tempo foi meu sol,
meu guia, meu farol, de súbito apagou
-minha alma naufragou num mar de incompreensão,
silêncio e solidão - meu mundo escureceu.

Já não me sinto eu, já nem sei mais quem sou,
- tão pouco me restou da que já fui um dia!
Somente na poesia encontro o meu abrigo,
o alento que persigo, a paz, a sanidade

- porque, na realidade, eu sigo em meu caminho
meu chão de pedra, espinho, e céu de tempestade...

(Eloah Borda – 10/2013)

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