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sábado, 17 de maio de 2014

A Dor De Maria


A Dor de Maria

Jerusalém ainda está vivo em mim.
Depois daquele trágico dia, após ter oferecido
o vinagre a Jesus, consumou-se meu pecado –
crime contra a vida de Um Justo!

Nos primeiros tempos, não pensei em Maria,
na dor que uma Mãe sentia vendo o filho
sacrificado, pregado em uma cruz.
Do alto, sangue inocente derramava.

Maria tem olhar parado, choroso
semblante, tristonha pelo doloroso
sofrimento. Seu Filho amado, Jesus, cai.
Da cabeça inocente sangue se esvai!

Maria tem o peso do madeiro no coração,
chora baixinho ao presenciar grande dor,
Mater Dolorosa, ora aos céus em aflição,
machucada pelos açoites do agressor!

Maria sentia na alma dor profunda.
Fui eu, que O crucifiquei e O vendi.
Maria sentia na alma dor profunda.
Fui eu, quem colocou a coroa de espinhos!

Jesus foi pendurado no duro madeiro,
Maria tinha os olhos em lágrimas banhadas,
das mãos de Jesus sangue pingavam,
os olhos de Maria tristonhos choravam!

As vozes, o brado da turba, o inocente
cordeiro na cruz imolado. Crucifica!
Crucifica o falso profeta e morra na cruz.
Fui eu, quem pronunciou essas palavras!

O olhar de Jesus... olhar apaixonado, olhar
carinhoso de amor por todos os agressores,
olhar de perdão, olhar de compreensão.
Eu, pecador, carrego culpa por ser malfeitor!

Visão que me segue, visão que me persegue
fitando-me assim... calada, tristonha, dorida,
mexendo com meus sentimentos, calando
meus pensamentos. E eu  não entendi!

Junto à cruz, quanta lágrima derramada
pela Mãe Maria de Nazaré, quanta dor
que se transformava em pétalas de luz,
iluminando o sofrimento da cruz!

Ah, Mater Nostra, ouço Seu choro baixinho
uma visão triste de piedosa Mãe, relembra
a mim quão cruel pude ser em tempos
de outrora. Carrego o peso no coração!

Junto à cruz, ainda o martírio e humilhação
do Justo, corpo marcado, banhado em sangue.
Eu O espanquei, eu O neguei, O traí, crucifiquei.
Baixo os olhos envergonhado, Cristo vendi!


Marta Peres

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